A
pluralidade do campo psicológico se apresenta como um dos principais aspectos
para compreender a formação do mesmo, portanto, há de se entender como se deu
essa evolução das correntes longitudinalmente e quais são suas consequências. Até na Física opera a discordância entre
diversas teorias, como, por exemplo, a dualidade partícula-onda que tenta
entender a natureza da luz. Porém, “o que está em questão na psicologia é a sua
própria definição, a sua linguagem, o que a caracteriza como ciência, o que ela
deve estudar (seus objetos), como estudá-los (seus métodos), e a partir de que
questões (sua problemática)”. Dessa maneira apresentam-se varias escolas com
seus próprios sistemas para discutir questões relativas à psique análogas umas
às outras, constituindo diferentes projetos científicos (Estruturalismo,
Funcionalismo, Associacionismo, Gestaltismo, Psicanálise, Construtivismo,
Behaviorismo...).
Kant em “Critica da razão pura” faz severas criticas ao objeto de
estudo da psicologia, culminando no seu famoso Veto, o que permite ter uma
visão mais clara do que pode ter levado a essa grande difusão. A saber: o Eu,
enquanto palco onde se dá todas as representações, caracterizado por sua subjetividade temporal, só pode ser dado,
necessariamente, como sujeito do pensamento e, portanto só existe
intelectualmente, a ele não pode ser dado predicados que só podem ser aplicados
a coisas da experiência. Dessa forma o erro da psicologia racional é, através
da análise do Eu, formular proposições tais como: (1) é substância, (2)
é simples, (3) é idêntico, (4) está (ou não) em relação com objetos possíveis
no espaço. Ora, tais proposições necessitam de provas dadas pela experiência e,
relativo ao Eu, nada pode ser dado na experiência. Porque, apesar de parecer
na consciência de nós próprios, numa intuição imediata, que possuímos uma
substancialidade, esse conceito por nós formulado de nós mesmos permanece sem
conteúdo e espaço. Ele, de fato, nada mais é que um sentimento de existência vazio e
apenas representação em que se relaciona todo pensamento. Esse Eu será sempre o
sujeito que conhece e nunca poderá tornar-se objeto do conhecimento, só temos
consciência dele porque dele carecemos imprescindivelmente para a possibilidade
da experiência. Assim, a impossibilidade de se conhecer o Eu acaba com todas
as inspirações da psicologia racional. Não sendo possível uma psicologia
racional, a psicologia, enquanto projeto científico, se vê em sérios embaraços.
Só lhe resta a psicologia empírica, e esta, sem uma base a priori (que seria
dada pela psicologia racional), estará limitada a uma simples disciplina
histórica, de descrição de estados internos, não pertencendo, para Kant, ao
ramo das Ciências Genuínas.
É importante relevar o ponto de que essas psicologias distintas
não possuem apenas um debate nominal, como se os diferentes objetos fossem os
mesmos, mas com nominações diferentes, ou sobre pontos de vista individuais.
Nesse caso seria preciso tomar o conhecimento de algo-em-si, como se existisse
previamente com todas suas características e estivesse a espera de ser
descoberto quando na realidade a natureza apenas aceita ou não nosso saber
inventado. “Cada sistema representa pois, uma tentativa de impor sua linguagem,
o seu modo de falar, de interrogar e examinar o seu suposto objeto psicológico
em sua totalidade.” Então por que uma psicologia não se destaca diante das
outras e clama para si o trono da legitimação? Basicamente, todas elas possuem
provas empíricas, experimentais, argumentativas e de eficácia que sustentam
suas ideias e não permitem serem contrariadas como invalidas já que cada
sistema busca em seu próprio corpo teórico alternativas para proporcionar uma
explicação. “Um exemplo típico é o recurso pela psicanálise à tese da
resistência para justificar qualquer fracasso ou crítica exacerbada as suas
teses.”
Ao tentar explicar o homem, mostra-se necessário considerar a
influência que é exercida nele por meio dessas novas linguagens. Tendo em vista
que na era da reprodutibilidade técnica o acesso a esse tipo de informação esta
ao alcance de qualquer um, ao obter popularidade ela pode acabar integrando o
senso comum, como acontece com a psicanálise e seus termos de
“inconsciente” e “complexo de édipo”. Decerto, saber desses instrumentos
analíticos altera a forma como a prática deve ser pensada (apesar de
consolida-la como verdade), pois, os atos do sujeito estão condicionados ao
seu conhecimento e portanto ele passa a agir tendo em mente aquilo que a
análise pretende interpretar, o que deve resultar num extremo abalo estrutural. A
estratégia da psicologia para evitar a auto-produção do homem, decorrente do
estudioso se confundir com o próprio objeto de estudo, pode ser pensada sobre o
termo “maquina de múltiplas capturas” que consiste em três fases: “num primeiro
momento, toma-se uma imagem científica (seja da física, da biologia, ou da
informática) em consonância com um conjunto de práticas sociais. Num segundo
momento, tal imagem, ungida pelo poder de sua inspiração científica, decalca-se
sobre os sujeitos, reordenando num terceiro instante o conjunto de suas
práticas, de onde ela mesmo surgiu.”. Evidencia-se assim a apropriação de
ideias cunhadas por outras áreas do saber por parte da psicologia.
Por fim, discordo do autor no ponto em que diz: “De que outra
maneira as pessoas de nossa sociedade viriam a acreditar no significado dos
sonhos, no ”primeiro amor edípico” ou na existência do inconsciente, senão pela
transmissão e difusão da psicanálise? É por tal mecanismo que todas psicologias
são eficazes.”. A meu ver, não existe necessidade das pessoas não estudiosas do
campo acreditarem nas psicologias por meio de suas teorias, mas sim pelo seu
resultado prático, social e experimental, pois, como abordei anteriormente, o
conhecimento daquelas traria nada senão prejuízo. O conceito de aura como
trabalhado por Walter Benjamin em seu famoso ensaio “A obra de arte na era de
sua reprodutibilidade técnica” se encaixa nesse contexto a psicologia, pois, no
momento em que ela perde sua distância e unicidade, esta sujeita a tantas
modificações que se tornaria impossível um desenvolvimento teórico coerente.
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